Jovem quilombola aprovado para o curso de medicina em 2018

André de Alvinco cresceu em Flores de Goiás, na comunidade quilombola de Flores Velhas, cerca de 450km de Goiânia. “Tive uma infância muito tranquila na comunidade quilombola e sempre foi muito pacífico por lá. Brincava sem me preocupar com nada. Sempre estudei em colégios públicos na minha região, e devido as condições precárias dessas escolas, só fui fazer minha primeira redação aos 16 anos, quando cursava o 3° ano do ensino médio.

“…só fui fazer minha primeira redação aos 16 anos, quando cursava o 3° ano do ensino médio.“

André decidiu estudar medicina para poder ajudar a sua comunidade e várias outras que também necessitam de profissionais nesta área. “Minha comunidade carece muito de médicos e eu vi que isso poderia ser de grande ajuda. Desejo muito voltar e trabalhar lá, até porque foi a comunidade que me proporcionou a chance de ingressar numa universidade federal. Quero voltar e ajudar a todas as comunidades que estiverem ao meu alcance.”

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Infelizmente, jovens de comunidades carentes como a do André que não tem acesso a uma escola de ponta ficam prejudicados no processo seletivo, principalmente para os cursos mais concorridos, como medicina, direito e engenharia. Por esse motivo André mudou-se para Goiânia em 2017 e veio morar com a sua tia Janete. Na busca por um cursinho preparatório que lhe oferecesse condições de disputar uma vaga no concorrido curso de medicina, André chegou ao colégio PLANETA. “Meu primo me indicou o PLANETA pois tinha feito o preparatório lá e foi aprovado em uma universidade federal. Disse que os professores eram excelentes.”

“Meu primo me indicou o PLANETA pois tinha feito o preparatório lá e foi aprovado em uma universidade federal. Disse que os professores eram excelentes.”

André começou sua preparação para o Enem no colégio Planeta em janeiro de 2017. Quando chegou ao colégio tinha uma base muito fraca, pois no seu ensino médio não havia visto quase nada, as aulas eram rotineiramente interrompidas e os professores faltavam muito. “Foi no PLANETA que tive a oportunidade de aprender. Literalmente estudei tudo que deveria aprender em 3 anos, em apenas 1 ano. Os professores me motivaram bastante. Foi lá que desenvolvi um senso crítico, aprendi a desenvolver uma redação dentro dos padrões exigidos pelos Enem.” Ao chegar no Planeta, André entrou num ritmo que não estava acostumado. Acordava bem cedo para começar a estudar pois o conteúdo era extenso, parava somente para almoçar e vinha para o colégio Planeta assistir as aulas no período vespertino. Ao terminar as aulas voltava para casa e ainda revisava a matéria que tinha aprendido na sala de aula. “O ritmo era ótimo, pois como algumas atividades eram obrigatórias e só entrava se fizesse, eu acabei tendo que estudar realmente. Então isso foi crucial para minha melhora como estudante.”

André foi morar em Uruguaiana(RS) e para se manter no sul do país, ele conta com o auxílio permanência do Ministério da Educação no valor mensal de R$900,00 que é concedido aos estudantes matriculados em universidades e institutos federais que sejam indígenas ou quilombolas. Para ele o sistema de cotas vem corrigir uma falha do sistema em que brancos e estudantes de escolas particulares na sua maioria conseguem bons empregos e melhores condições financeiras. “ Sem as cotas, como um estudante de escola pública do interior, onde não se tem nenhuma condição de estudo ou leitura concorre com um aluno de escola particular que tem uma base de estudo bem estruturada” questiona André.

“Foi no PLANETA que tive a oportunidade de aprender. Literalmente, estudei tudo que deveria aprender em 3 anos, em apenas 1 ano.”
andre alvinco

André pretende se especializar em neurocirurgia e quer trabalhar por seis meses pela organização humanitária Médicos sem Fronteiras em Moçambique. Ele disse que vai sentir falta dos amigos e da família. “Meus pais estão alegres por eu ter conseguido o curso que sempre sonhei, mas ao mesmo tempo estão tristes porque vou morar muito longe. Pude contar também com o apoio da minha namorada que foi muito importante.”

Ele sabe que essa mudança vai exigir muita adaptação porque a cultura é bem diferente. André tem se sentido acolhido na UNIPAMPA, já na primeira semana ele participou da sessão de acolhimento a alunos cotistas promovido pela universidade. “Não sofri nenhum tipo de preconceito. As pessoas, aqui na universidade, estão bem cientes de que a cota existe para equilibrar os dois lados.”

André diz ter um carinho especial pelo colégio Planeta. Foi a escola que lhe acolheu quando veio para Goiânia e com seu método de estudo lhe ajudou a alcançar o seu sonho. “No colégio Planeta eu me sentia em casa. Os funcionários me tratavam com respeito e até me chamavam pelo nome. Os professores são incríveis, a forma de fazer o aluno estudar e alcançar o seu objetivo é fenomenal. O PLANETA possibilitou um aluno de escola pública a concorrer de igual para igual com as escolas mais elitizadas de Goiânia. Serei eternamente grato ao colégio Planeta por participar ativamente na conquista do meu sonho.”

“O PLANETA possibilitou um aluno de escola pública a concorrer de igual para igual com as escolas mais elitizadas de Goiânia.”

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